sábado, 18 de junho de 2011

ABORTO

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CONSEQUENCIAS.
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Aborto induzido

O aborto induzido, também denominado aborto provocado ou interrupção voluntária da gravidez, ocorre pela ingestão de medicamentos ou por métodos mecânicos. A ética deste tipo de abortamento é fortemente contestada em muitos países do mundo mas é reconhecida como uma prática legal em outros locais do mundo, sendo inclusive suportada pelo sistema público de saúde. Os dois polos desta discussão passam por definir quando o feto ou embrião se torna humano ou vivo (se na concepção, no nascimento ou em um ponto intermediário) e na primazia do direito da mulher grávida sobre o direito do feto ou embrião.
[editar] Efeitos do aborto induzido

Existe controvérsia na comunidade médica e científica sobre os efeitos do aborto. As interrupções de gravidez feitas por médicos competentes são normalmente consideradas seguras para as mulheres, dependendo do tipo de cirurgia realizado.[4][5] Entretanto, um argumento contrário ao aborto seria de que, para o feto, o aborto obviamente nunca seria "seguro", uma vez que provoca sua morte sem direito de defesa.[6][7]

Os métodos não médicos (p.ex. uso de certas drogas, ervas, ou a inserção de objectos não-cirúrgicos no útero) são potencialmente perigosos para a mulher, conduzindo a um elevado risco de infecção permanente ou mesmo à morte, quando comparado com os abortos feitos por pessoal médico qualificado. Segundo a ONU, pelo menos 70 mil mulheres perdem a vida anualmente em consequência de aborto realizado em condições precárias,[8] não há, no entanto, estatísticas confiáveis sobre o número total de abortos induzidos realizados no mundo nos países e/ou situações em que é criminalizado.

Existem, com variado grau de probabilidade, possíveis efeitos negativos associados à prática abortiva, nomeadamente a hipótese de ligação ao câncer de mama, a dor fetal, o síndroma pós-abortivo. Possíveis efeitos positivos incluem redução de riscos para a mãe e para o desenvolvimento da criança não desejada.
[editar] Câncer da mama

Há uma hipótese de relação causal entre o aborto induzido e o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

A teoria é que no início da gravidez, o nível de estrogénio aumenta, levando ao crescimento das células mamárias necessário à futura fase de lactação. A hipótese de relação positiva entre câncer de mama e aborto sustenta que se a gravidez é interrompida antes da completa diferenciação celular, então existirão relativamente mais células indiferenciadas vulneráveis à contracção da doença.

Esta hipótese, não é bem aceita pelo consenso científico de estudos de associações e entidades ligadas ao câncer,[9][10][11] mas tem alguns defensores como o dr. Joel Brind.[12]
[editar] Dor do feto

Ver artigo principal: Dor fetal

A existência ou ausência de sensações fetais durante o processo de abortamento é hoje matéria de interesse médico, ético e político. Diversas provas entram em conflito, existindo algumas opiniões defendendo que o feto é capaz de sentir dor a partir da sétima semana[13] enquanto outros sustentam que os requisitos neuro-anatómicos para tal só existirão a partir do segundo ou mesmo do terceiro trimestre da gestação.[14]

Os receptores da dor surgem na pele na sétima semana de gestação. O hipotálamo, parte do cérebro receptora dos sinais do sistema nervoso e que liga ao córtex cerebral, forma-se à quinta semana. Todavia, outras estruturas anatómicas envolvidas no processo de sensação da dor ainda não estão presentes nesta fase do desenvolvimento. As ligações entre o tálamo e o córtex cerebral formam-se por volta da 23ª semana.[15] Existe também a possibilidade de que o feto não disponha da capacidade de sentir dor, ligada ao desenvolvimento mental que só ocorre após o nascimento.[16]

Novos estudos do Hospital Chelsea, realizados pela Dra. Vivette Glover em Londres sugerem que a dor fetal pode estar presente a partir da décima semana de vida do feto. O que justificaria, segundo os proponentes do aborto, o uso de anestésicos para diminuir o provável sofrimento do feto.[17]
[editar] Síndrome pós-abortivo

Ver artigo principal: Síndrome pós-aborto

O Síndroma (ou "síndrome") pós-abortivo seria uma série de reações psicológicas apresentadas ao longo da vida por mulheres após terem cometido um aborto. Há vários relatos de problemas mentais relacionados direta ou indiretamente ao aborto; uma descrição clássica pode ser encontrada na obra "Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana", de Sigmund Freud.[18] No livro "Além do princípio de prazer", Freud salienta: "Fica-se também estupefato com os resultados inesperados que se podem seguir a um aborto artificial, à morte de um filho não nascido, decidido sem remorso e sem hesitação."[19]

Há médicos portugueses, porém, que questionam a existência do síndroma;[20] não existe nenhum estudo português publicamente divulgado sobre o assunto. Entretanto nos Estados Unidos, Reino Unido e mesmo no Brasil, essa possibilidade já é bastante discutida, com resultados contrastantes.[21][22]

O síndroma pós-abortivo (PAS), conhecido também como síndroma pós-traumático pós-abortivo ou por síndroma do trauma abortivo, é um termo que designa um conjunto de características psicopatológicas que alguns médicos dizem ocorrer nas mulheres após um aborto provocado.[23] Alguns estudos, no entanto, concluem que alguns destes sintomas são consequência da proibição legal e/ou moral do aborto e não do ato em si. [carece de fontes?]

Entretanto, tal síndrome teria sido catalogada em inúmeras pesquisas, entre elas a do dr. Vincent Rue que no estudo da Desordem Ansiosa Pós-Traumática (DAPT), presente em ex-combatentes do Vietnã, que teria sua correspondente na síndrome pós-aborto (SPA). Algumas estatísticas de organizações pró-vida argumentam que há um aumento de 9% para 59% nos índices de distúrbios psicológicos em mulheres que se submetem ao aborto.[24]

Outro estudo, do Royal College of Psychiatrists, a associação dos psiquiatras britânicos e irlandeses, considerou que o aborto induzido pode trazer distúrbios clínicos severos para a mulher, e que essa informação deve ser passada para a mesma, antes da opção pelo aborto. Esse estudo foi repassado a população pelo Jornal Britânico Sunday Times.[25]
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O aborto dura para sempre
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Nenhuma mulher sai incólume da experiência do aborto, por mais pertinentes que sejam os motivos para justificá-lo. Um aborto dura para sempre. É uma experiência que deixa marcas emocionais profundas.

Cada experiência vivida pela mulher no contexto de sua feminilidade (a primeira menstruação, o primeiro beijo, as boas e as más experiências amorosas etc.) marca sua forma de ser como pessoa e como mulher. Mas o aborto costuma ter outro peso. "Ele se constitui uma experiência de perda, mesmo quando a mulher conscientemente decide pela sua realização", diz Rubens. "No futuro, ela poderá pensar no que poderia ter acontecido caso decidisse levar a gravidez adiante, poderá imaginar como seria o filho que não teve ou mesmo questionar se tomou a melhor decisão".

Esse registro emocional não é uniforme, único ou invariável. O aborto é vivido e relembrado, no futuro, segundo as condições e características de cada mulher. Muitos anos depois do aborto, algumas mulheres vão encará-lo como algo triste, mas necessário. Para outras, ele pode se transformar num drama sem fim.

Se, do ponto de vista emocional, o aborto dura para sempre, o que as mulheres podem fazer para superar essa experiência? Rubens diz que a possibilidade de superar vivências difíceis (relacionadas ou não à feminilidade) depende essencialmente dos recursos que a mulher (e, claro, também o homem) desenvolveu ao longo da vida para lidar com frustrações, perdas, conflitos e, até mesmo, com situações de satisfação e prazer.

Dois fatores que têm grande importância na forma como a experiência do aborto ficará registrada. Esses fatores dependem menos da mulher e mais do contexto social. Se ela teve apoio do parceiro, talvez consiga lidar melhor com a experiência do aborto. O outro aspecto é o caráter de ilegalidade.

A mulher que aborta no Brasil se torna, da noite para o dia, uma criminosa. "Nos países em que o abortamento é permitido por lei, a mulher encontra adequada assistência médica, psicológica e hospitalar e as coisas tendem a ser mais fáceis", diz Alexandre. "Numa crise de vida como essa, o que menos a mulher precisa é de alguém culpando-a ou desamparando-a", diz Alexandre.

Reproduzo aqui trechos do diálogo entre Rubens e Alexandre extraídos do livro Segredos de Mulher: Diálogos entre um ginecologista e um psicanalista (Editora Atheneu). Eles discutem o caso de Estela, uma moça de 19 anos que engravidou de um namorado 12 anos mais velho. Ela cursava o primeiro ano de Administração e decidiu fazer um aborto. Ela morava com os pais e, apesar de ter um bom vínculo com eles, não queria que soubessem da gravidez. Dizia que a mãe, evangélica, não aceitaria o aborto. Achava que talvez o pai o aceitasse melhor.

Alexandre Faisal: Ao que parece, Estela não ficou muito perturbada com a experiência do aborto. Pelo contrário, ficou satisfeita por tê-lo realizado.

Rubens Volich: Aparentemente sim. Você a encontrou cerca de três semanas após o aborto. Muitas vezes, para suportar algumas situações difíceis, é melhor não ter contato ou pensar naquilo que amedronta ou perturba. Estela disse que não gostava de falar sobre o assunto, que era melhor não pensar nele, virar a página. Isso não impede que ela, como qualquer mulher, vivesse inconscientemente os efeitos dessa experiência. No contexto de uma consulta médica, nem sempre esses efeitos inconscientes são perceptíveis. Porém, em um processo psicoterapêutico, são visíveis os conflitos e a intensidade dos sentimentos mobilizados pelo aborto, por mais justificada que seja a decisão de interromper a gravidez.

Alexandre Faisal: Que tipo de conflitos?



Rubens Volich: Conflitos relacionados a experiências e representações que a mulher tem da maternidade, suas vivências infantis e sua relação com a própria mãe, bem como a maneira como foi cuidada como criança. Surge frequentemente a culpa com relação ao filho que não pôde nascer, com relação ao pai da criança, por tê-lo privado de um filho, além de dúvidas quanto à possibilidade de uma futura gravidez e o medo de ser punida com a infertilidade pelo ato que praticou. Enfim, uma grande variedade de fantasias.

Como mulher e jornalista, gostaria de ver o tema do aborto seriamente discutido no Brasil. Essa é a mais emocional das questões políticas e morais que dividem o país. Pouco depois de assumir o Ministério da Saúde, o médico José Gomes Temporão defendeu, em abril de 2007, a realização de um plebiscito para discutir se o aborto deveria ser legalizado. Nunca mais se falou no assunto. Abafaram o caso.

Nenhuma mulher - rica ou pobre - gosta da ideia de abortar. Nenhuma mulher sai emocionalmente ilesa dessa experiência. Mas as mulheres pobres sofrem mais. Abortos sem atendimento médico adequado provocam hemorragias graves, perda do útero e morte. Eles são a terceira causa de mortalidade materna no Brasil. A cada ano, 220 mil mulheres procuram o SUS para fazer raspagens do útero (curetagem), necessárias depois do aborto.

Quando uma mulher se submete a um aborto, tem uma razão de foro íntimo muito forte. Na minha opinião, não cabe a ninguém que assista o drama à distância, ser a favor ou contra o aborto. O razoável é dizer que cabe à mulher decidir. Como já disse aqui, numa coluna publicada no ano passado, não me parece justo que todas as cidadãs tenham de se submeter a dogmas religiosos que não sejam os seus. Em outras palavras: a fé só faz sentido para quem a tem. (Cristiane Segatto. Revista Época)



As consequências psíquicas do aborto

Embora não haja propriamente consenso entre os psiquiatras sobre a existência de um síndrome pós-aborto, a verdade é que existem inúmeros estudos publicados que indicam a existência de uma relação entre a prática de aborto e um risco acrescido de perturbações psiquiátricas. As patologias associadas são várias: perturbações depressivas e ansiosas, disfunções sexuais, ideação suicida e comportamentos suicidários, abuso de álcool e drogas, stresse pós-traumático, etc. Esta última patologia acaba por ser aquela que mais se aproxima do designado “síndrome pós-aborto”. Nesta situação, observa-se a presença de uma constelação de sinais e sintomas, cuja origem se encontra relacionada com a experiência de um evento traumático, e que neste caso corresponde ao aborto.

Para a mulher, o aborto é praticado muitas vezes em situações bastante difíceis: a pressão e as ameaças dos familiares ou do companheiro, a ambivalência face à decisão de abortar, ocorrendo nalguns casos a própria ruptura da relação amorosa que esteve na origem da gravidez. Mas, para muitas mulheres, o aborto em si não é um acontecimento traumático, logo não podemos generalizar – dirão alguns. Contudo, não se trata de estabelecer uma relação causal absoluta, mas uma relação de risco aumentado, cujas consequências individuais não podem ser desvalorizadas.

Excluindo a presença de uma perturbação de personalidade psicopática e os desvios sádico-masoquistas, e partindo do princípio que fazer um aborto não é um processo agradável, um dos mecanismos de defesa que pode ser utilizado pela mulher que aborta é a “racionalização”. Neste caso, encontrada a justificação racional para a decisão de abortar, o próprio acto é visto pela própria, acima de tudo, como um procedimento físico. Pretende-se assim que o impacto emocional da perda do bebé seja atenuado ou mesmo anulado. Sabemos, porém, que a as consequências psicológicas do aborto são normalmente sentidas a longo prazo. Tal como ocorre designadamente no stress pós-traumático, o período entre a ocorrência do aborto e o aparecimento dos sintomas psíquicos pode demorar alguns anos.

Aos poucos, os mecanismos de defesa psicológicos utilizados – nomeadamente a racionalização, o recalcamento ou a negação – acabam por ceder, abrindo caminho para o aparecimento de um sentimento de perda ou de luto, podendo conduzir a uma desordem psíquica. A sintomatologia poderá surgir através de somatizações (sintomas físicos sem causa orgânica explicável, sendo expressão, no entanto, de doença psíquica) como é o caso de cefaleias, queixas gastrointestinais, astenia, insónia, etc., que podem mascarar a existência de uma perturbação psíquica. Este padrão de reacção retardada é muitas vezes menosprezado. Por isso é que os vários estudos a longo prazo detectam um maior número de perturbações psíquicas na mulher que abortou, contrariando os dados a curto prazo que nalguns casos podem não revelar grandes diferenças.

A par do sentimento de perda referido, surge ainda frequentemente o sentimento de culpa. Este é um sentimento para a mulher altamente perturbador e causador de um sofrimento incomensurável. Os defensores do aborto, neste caso, argumentarão que se existe culpa é porque alguém a originou (a religião, os familiares mais conservadores, o estado que impede o aborto, etc.). Em parte, é verdade, já que todos nós tivemos uma educação normativa em função de valores sociais, éticos, morais, etc. Na realidade, é a culpa que protege a sociedade de si própria, nomeadamente de o homem passar ao acto alguns dos seus impulsos mais primários, como é o caso da violência, a sexualidade, o domínio sobre o mais fraco, etc. É também a culpa, um dos factores que contribui para proteger o homem de se suicidar, controlando os seus ímpetos autodestrutivos. Neste contexto, o relativismo intelectual que recusa a existência de regras e de conceitos como o que está “certo” ou “ errado”, acaba por ser altamente perturbador da vida psíquica, originando o caos do mundo interno da pessoa, conduzindo à psicose.

Quais são afinal as mulheres que têm maior risco de apresentarem consequências psíquicas do aborto? No grupo de maior risco, encontram-se as mulheres mais jovens, separadas, com antecedentes de doença psiquiátrica, com baixo apoio social e que foram coagidas a abortar.

Quando se debate o tema do aborto raramente se aborda as suas consequências psíquicas. Aliás, passa-se a ideia para a opinião pública que, estando garantidos os meios médicos e técnicos adequados para realizar o aborto, não existem problemas de maior para a mulher – o que não corresponde à verdade. Observam-se sequelas psíquicas em muitas mulheres que praticaram o aborto, mesmo no caso de este ter sido realizado no âmbito de um quadro legal e em ambiente hospitalar. A comprová-lo está o maior número de admissões psiquiátricas observadas em mulheres que abortaram face àquelas que levaram por diante a sua gravidez.

Em suma, importa esclarecer que, em muitos casos, o aborto pode ter efeitos deletérios na saúde psíquica da mulher, sendo este facto confirmado por inúmera documentação científica credível. Este é um ponto fundamental no debate sobre a liberalização do aborto e que não pode ser ignorado.ura-para-sempre.
Pedro Afonso
Médico Psiquiatra
Blog De Olhos

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